segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O que mais marcou esse GP (Abu Dhabi 2020)

No cronômetro zerado, Verstappen “rouba a pole-position” de Bottas que havia “roubado” de Hamilton.
Em estratégia única para os dois carros, a escuderia AlphaTauri larga com Soft, juntamente com Albon, Norris e Stroll. Com Hard largam Pérez, Magnussen, Vettel e Ricciardo. Os outros com Médium...
Os três primeiros colocados alinham e terminam na mesma posição sem alterar essas posições durante a corrida toda.
O destaque é a vantagem que o vencedor Verstappen consegue sobre as Mercedes.
Pérez em corrida de recuperação, abandona no início, deixando assim a escuderia McLaren conquistar o 3º posto no Mundial de Construtores, batendo a Racing Point por 7 pontos.
Safety car entra permanecendo por 4 voltas o que agita os pits com 14 carros trocando pneus...
Somente 5 pilotos permaneceram nas pistas, destacando as duas Ferrari e Ricciardo.
A poucas voltas do final, Fittipaldi coloca pneus Soft e conquista a 8ª melhor volta da prova, onde Ricciardo com boa estratégia foi o 1º nesse quesito.
Na última volta, com pneus desgastados, Stroll perde o 9º lugar para Ocon, frustrando a Racing Point que teve uma corrida para esquecer.



O que ,ais marcou esse GP (Sakhir 2020)

Hamilton com Covid-19 e Grosjean ainda em recuperação são substituídos por George Russell e pelo brasileiro Pietro Fittipaldi, respectivamente.
Já o inglês Jack Aitken foi o substituto do compatriota Russell, na Williams. Pista rápida – quase oval – permite Bottas cravar a pole-position com uma média acima de 238,000 km/h ao lado do novo parceiro Russell. Este saiu na ponta, enquanto Vettel e Pérez colidem.
Verstappen desvia e sai da pista.
Pérez roda, vai para o pit e volta em último lugar, enquanto Charles e Max não conseguem continuar. Safety car permanece por 6 voltas...
Daí para a frente, a corrida é focada na vantagem que Russell impõe a Bottas e as bonitas ultrapassagens de Pérez, em recuperação.
Com as trocas de pneus Russell abre uma vantagem de mais de 8” sobre Bottas! Latifi para na pista: safety car virtual é acionado por 2 voltas. Bandeira verde e Pérez já está em 3º atrás dos pilotos da Mercedes.
O estreante Aitken perde a asa dianteira do seu Williams. Novo safety car virtual e os dois Mercedes vão para o pit: Bottas perde tempo na fixação da roda dianteira e Russel tem que voltar na volta seguinte pois colocou os pneus de Bottas, o que não é permitido!
Nessa lambança da Mercedes, Pérez assume a ponta, seguido de Ocon, Stroll, Bottas e Russel que logo toma o 4º posto de Bottas.
Enquanto Bottas perde posições, Russell ameaça o líder Pérez mas faz novo pit com um pequeno furo de pneu!
Com pneus macios, ele bate o recorde da pista e por pouco não rouba o 8º posto de Bottas, numa corrida de pódio inédito: Pérez, Ocon e Stroll...





O que mais marcou esse GP (Bahrain 2020)

T3 com bandeira vermelha por duas vezes: cachorro na pista e batida de Albon.
Sainz roda no Q2 e fica fora do Q1, que fica sem as 2 Ferrari, mas com as 2 AlphaTauri.
Largada normal e ainda na 1ª volta Grosjean bate muito forte, seu carro é dividido em dois, um grande incêndio se inicia e felizmente ele é salvo pelo halo.
Lembrando Jacky Ickx e Jack Oliver no GP da Espanha 1970, Grosjean não perde a consciência e sai do carro sozinho, aparecendo entre as chamas para ser ajudado pelos médicos e assistentes.
A corrida é interrompida... Um mural de concreto substitui o guard-rail e Grosjean é levado de helicóptero para o hospital com queimaduras nas mãos.
Relargada depois de quase uma hora e meia.
Stroll é tocado por Kvyat e capota. É retirado sem lesões e o safety car permanece por sete voltas.
Bottas tem um furo de pneu, Verstappen pilota “com a faca nos dentes”, mas não consegue quebrar a série de 5 vitórias seguidas de Lewis Hamilton.
Pérez faz uma ótima corrida, mas é traído pela sua unidade de potência em fogo a 4 voltas do final tirando-lhe um merecido 3º lugar.




O que mais marcou esse GP (Turquia 2020)

Asfalto novo e muito liso. Chuva no treino P3. Muita chuva e rodada de Grosjean são motivos para duas bandeiras vermelhas no Q1. Latifi roda no fim do Q1 e Q2 é liberado com trator ainda tirando seu carro da pista! As surpresas são a Alfa Romeo indo para o Q3, enquanto a McLaren, a Ferrari e a Alpha Tauri com Gasly não. Q3 sem chuva e logo todos trocam para pneus intermediate.
No final, a surpresa é a Racing Point com Lance Stroll na pole-position e Sergio Pérez na 3ª posição.
Largada com chuva com a dobradinha da Racing Point fechando a 1ª volta na ponta com Stroll liderando e o surpreendente Vettel na 3ª posição. Ricciardo toca em Ocon, este roda e atrapalha Bottas que cai para 18º lugar...
Pista vai secando e muitos pilotos trocam seus pneus wet para intermediate antes da 10ª volta.
Giovinazzi abandona logo após seu pit e safey car virtual é acionado por uma única volta.
Verstappen roda na reta ao tentar passar o 2º colocado Pérez e cai para o 8º posto.
Muitos pilotos reclamam da degradação dos pneus com a pista secando e trocam por outro jogo intermediate.
Hamilton não para (assim como Pérez, Kvyat somente!) e fazendo as melhores voltas da prova assume a ponta depois da metade da corrida...
Ele abre muito para os outros e conquista seu 7º título na F1 com vitória surpreendente.
Na última curva, com pneus no limite da degradação, Sergio Pérez erra Leclerc toma seu 2º posto; Leclerc erra, Pérez retoma o 2º lugar e Vettel toma o 3º posto de Leclerc que ainda é ameaçado por Sainz numa chegada empolgante.



O que mais marcou esse GP (Emilia Romagna)

 Imola: Gasly (com o capacete igual ao do Ayrton Senna) é o destaque, com o 4º tempo no grid.
Após a largada, Magnussen toca em Vettel, roda mas continua.
Os três primeiros (Bottas, Verstappen e Hamilton) andam muito perto. A sensação do fim de semana, Gasly, logo abandona e tira o brilho da corrida...
O líder Bottas faz seu pit e Hamilton assume a ponta. Seu ritmo é devastador, efetuando a melhor volta seguidamente. Para “ajudar” Hamilton, Ocon abandona e safety car virtual é acionado por uma única volta.
Hamilton faz seu pit e ainda volta na liderança quase 4” na frente de Bottas...
Pressionado por Verstappen, Bottas (com assoalho danificado pelos detritos deixados na pista por Vettel) erra mais de uma vez e o “holandês-voador” toma-lhe o 2º posto.
Verstappen e Hamilton cravam as voltas praticamente no mesmo tempo e Kimi, que vinha em 4ºlugar, faz seu único pit na 48ª volta!
Logo depois, Verstappen tem seu pneu traseiro estourado, roda, vai para a brita e abandona.
Safety car entra e muitos pilotos fazem seus pits.
Inexplicavelmente, Russel, com pneus Hard (trocados no início da corrida) e na 10ª posição, sai da pista na reta, bate, abandona e deixa de marcar seu 1º ponto na carreira...
Na parte final, o destaque é Kvyat com belas ultrapassagens para terminar a prova num excelente 4º posto, atrás do regular Ricciardo.
Com a dobradinha da Mercedes, a escuderia é campeã pela 7ª vez consecutiva e Hamilton agora só necessita de 19 pontos (um 2ºlugar e a melhor volta) para empatar com Michael Schumacher em 7 títulos...



O que mais marcou esse GP (Eifel)

Céu ”sem teto” para helicóptero médico impede FP1 e FP2 na sexta-feira.
Stroll passa mal, não participa do FP3 e às pressas, Nico Hülkenberg o substitui a partir do qualifying. Sem preparação este fica em último no grid.
Público de quase 20.000 pessoas...
Largada agressiva do pole-position Bottas o põe na liderança. Ritmo alucinante dos três primeiros Bottas, Hamilton e Verstappen: quase 2” mais rápido que os outros pilotos.
Vettel roda e volta.
O líder Bottas erra na curva 1 e Hamilton toma a liderança dele.
Kimi toca em Russel e este quase capota com o pneu estourado. Safety car virtual por 2 voltas.
Para surpresa geral, Bottas perde potência, entra no pit e abandona.
Hülkenberg já é o 10º colocado! 
Bela briga entre Leclerc e Pérez pelo 4º posto.
Abandono de Norris e entrada do safety car anima a corrida. Movimentação nos pits imensa com trocas de pneus.
Quase todos os pilotos passam o safety car para recuperarem a volta de desvantagem!
Sem surpresas, Hamilton iguala o número de vitórias de Michael Schumacher.
Os destaques: Ricciardo com um suado 3º posto, Hülkenberg, Grosjean e Giovinazzi que pontuaram.
No Mundial briga acirrada pelo 4º posto entre 8 pilotos liderados por Ricciardo e nos construtores o 3º lugar entre Racing Point, McLaren, Renault e na “rabeta” a Ferrari, também empolga...



O que mais marcou esse GP (Rússia 2020)

Sainz bate, Leclerc toca em Stroll que bate no muro e abandona. Tudo isso antes de completar a volta 1 e safety car entra por 5 voltas.
O pole-position Hamilton perde a liderança na volta 16 para Bottas quando faz seu pit e cumpre a penalização por treinar a largada em local não permitido, na volta de alinhamento.
Grosjean sai da pista destrói um obstáculo de isopor e o safety car virtual é acionado por uma única volta. No final da prova, Gasly põe pneus médium e Russel – último colocado – soft para registrarem a 2ª e 4ª melhor volta da prova cujo ponto-extra foi para o vencedor Bottas.
O destaque da corrida foi Ricciardo que descontou “na raça” sua punição de 5” (por voltar perigosamente à pista após ultrapassar Ocon) sobre Leclerc, não perdendo assim o merecido 5º posto.





O que mais marcou esse GP (Toscana 2020)

 Mugello pela 1ª vez: 75º circuito de uma prova oficial da F1. Ferrari comemora sua 1.000ª corrida na F1 com pintura diferenciada e o número do carro pintado à mão. 
Pela 1ª vez no ano, público presente (quase 2.000 pessoas). 
Gasly e Russel não passam do Q3. Räikkönen e Grosjean no Q2. Vettel e Norris não passam do Q2.
Com problemas de potência, Verstappen larga mal e se enrosca com Räikkönen, Grosjean e Gasly. Este e o holandês abandonam. Sainz roda e Vettel o atinge. O alemão vai para o pit trocar o bico.
Safety car por algumas voltas. 
Na relargada os ponteiros diminuem a velocidade e os últimos aceleram.
Daí uma colisão bizarra entre Latifi, Magnussen, Giovinazzi e Sainz. Bandeira vermelha... 
Relargada e quase no final da prova Stroll –vinha em 4º- bate forte: nova bandeira vermelha.
Instantes antes da segunda relargada, Räikkönen e Grosjean saem sozinhos para recuperar a volta de atraso...
Räikkönen foi o destaque positivo pois marcou seus primeiros dois pontos do ano – mesmo punido- além de ter sido o que mais fez ultrapassagens (15) na prova.
Albon conquista seu primeiro pódio na carreira e quanto aos vencedores e a Ferrari: tudo dentro do cotidiano 2020...



O que mais marcou esse GP (Itália 2020)

Modo “Festa” proibido, a partir dessa etapa.
Última prova com a família Williams presente, pois a Williams Racing foi vendida para a empresa americana Dorilton Capital.
Vettel não passa do Q3 e Leclerc do Q2.
Bottas larga muito mal e Vettel logo abandona, sem freios.
Na volta 18, Magnussen abandona e o safety car entra na volta 20.
Uma volta depois, Sainz assume a ponta -por uma única volta-, pois o líder Hamilton vai para o pit sem perceber que estava fechado. Giovinazzi faz o mesmo.
Pit abre na volta seguinte e onze pilotos fazem a troca de pneus. Mais uma volta e o safety car sai... Leclerc bate muito forte na Parabólica. Daí, pouco depois, a corrida é interrompida com bandeira vermelha.
Nessa parada de quase trinta minutos, somente Norris, Ricciardo, Pérez e Grosjean não trocam pneus. Nova largada com ordem da paralização: Hamilton, Stroll, Gasly, Räikkönen, Giovinazzi, Sainz, Norris, Bottas, Latifi, Ricciardo, Verstappen, Ocon, Kvyat, Pérez, Russel, Albon e Grosjean. Hamilton e Giovinazzi cumprem a penalização de 10” no pit.
Gasly assume a ponta da prova e Räikkönen - com seu fraco Alfa Romeo-, perde várias posições. Hamilton faz uma prova de recuperação e Verstappen abandona.
Gasly vence brilhantemente com seu AlphaTauri onde Sainz e Stroll completam um pódio inédito, abrilhantando a nova geração da F1.




O que mais marcou esse GP (Bélgica 2020)

 Ferrari um fiasco no fim de semana inteiro.
Giovinazzi perde controle do carro e bate forte. 
Russel, para não ser atingido pelo pneu desgovernado do italiano desvia seu carro para a direita e bate no muro, encerrando também sua corrida aí. Safety car por 4 voltas. 
Gasly, o único a largar com pneus Hard, é o destaque positivo da corrida, com ótimas ultrapassagens.
 E o resto? 
Tudo no cotidiano das últimas provas...




Eliseo Salazar: Um Início Inusitado...

Em 1978 Piquet ganhou o Europeu de F3 e Salazar acompanhava pelas revistas especializadas chilenas. Ele passou a admirar Piquet e queria fazer o mesmo na Europa. Daí ele foi para a Inglaterra, em Gatwick e pegou um trem para Victoria, mas queria chegar no circuito de Thruxton, em Andover, somente com uma pequena bagagem. Passou a frequentar os boxes em busca de uma vaga em alguma equipe, embora mal falava o inglês. 
Falou com os pilotos De Cesaris e Mansell. Não sentiu firmeza e pensou em voltar para o Chile.

Começou a chover e foi embora de Thruxton a pé, pois não tinha carro. A chuva aumentou e vários carros passavam por ele. De repente, um Alfa Romeo, sem motivo algum, lhe ofereceu carona: era Nelson Piquet, seu ídolo.
Salazar relata:
– Para mim era como seu eu tivesse visto Deus. Ele nem sabia que eu era um piloto. 
– Talvez o seu lado latino o fez sentir pena de mim...
– Ele me perguntou onde eu estava indo e eu lhe disse que sabia quem ele era e que não conhecia ninguém !
– Eu lhe mostrei a revista na minha bagagem e lhe disse que queria ser que nem ele.
– Se ele não acreditasse em mim, poderia checar que eu era piloto também.

Depois disso, Piquet cuidou de Eliseo e deu-lhe uma refeição no MacDonald´s de Earl Court.
Levou Salazar para um hotel que custou-lhe sete pounds/dia.

No dia seguinte Piquet apresentou Salazar para o pessoal da F3 e ele assinou para pilotar um Ralt, no Europeu de F3. 

Até hoje Salazar fica emocionado em falar dessa época, pois se não fosse Nelson, ele teria voltado ao Chile...

O Maestro da Mecânica: Miguel Crispim

Em 1958, a montadora Vemag S.A (Veículos e Máquinas Agrícolas) estreava oficialmente na corrida Mil Milhas de Interlagos, com o carro DKW, pilotado pelos gaúchos Karl Iwers e Flávio Del Mese.

Paralelamente a isso, um jovem aficionado por mecânica prestava como mecânico, no interior de São Paulo, o serviço militar obrigatório. Seu nome: Miguel Crispim Ladeira, mais conhecido como Crispim.

Muito simpático e de bem com a vida, Crispim trabalhou como mecânico, desenhista, projetista, chefe de equipe, instrutor e dono de oficina. Hoje, seu conhecimento profissional, sua vivência na formação do automobilismo nacional e seu trabalho excepcional no desenvolvimento da indústria mecânica é reconhecido entre todos que conviveram com ele.

O nome CRISPIM nos boxes de Interlagos até hoje soa como “O Maestro da Mecânica”.

Com essa sucinta apresentação do Sr. Crispim, abaixo transcrevo algumas partes de um bate-papo descontraído que tivemos no dia 23/05/2009, um sábado de muito sol em São Paulo.

1. Sultani: Você entrou na VEMAG depois de um teste com menos de 20 anos de idade, certo? Como você soube desse exame ?
Crispim: Eu saí do quartel e um amigo meu conhecia o Murillo Correa, gerente de vendas da VEMAG. Esse meu amigo me perguntou:
- Você não quer trabalhar na Vemag?
- Eu quero trabalhar em qualquer lugar, respondi.
- Eu vou falar com ele para ver se tem uma vaga para você.
Sobravam vagas na época. Eles traziam muitos técnicos da Matriz para treinar pessoas, geralmente vindas da lavoura que eles chamavam para trabalhar na Indústria.Tinha muita gente.
Fiz um teste; passei e o curso “Técnico Industrial“ de mecânica da Escola Técnica Getúlio Vargas que tinha feito, me ajudou muito lá.
Começava a ser desenvolvida a Indústria Automobilística no Brasil. Não tinha nada. Tanto que as primeiras rodas mais leve, e um monte de outras coisas, fazíamos a mão.
Tínhamos um gerente alemão, Hermut Brand que participou da Segunda Guerra Mundial (o Jorge o chamava de Tio). Ele veio para o Brasil para chefiar o Departamento de Testes da Fábrica onda se fazia desenvolvimento dos produtos. Entrei na Vemag como meio oficial mecânico B.O Departamento de Testes tinha seis automóveis: 2 Candangos, 2 Vemaguetes e 2 DKW. Esses carros andavam o tempo todo e depois eram desmontados, para se avaliar o desgaste das peças. Dentro do Departamento de Testes tinha o setor de Protótipo onde se produzia os produtos novos.

2. Sultani: Foi na entrevista de admissão que você conheceu o Jorge Lettry?
Crispim: Não. Conheci o Jorge lá na Vemag, já trabalhando no Departamento de testes. Eu tinha 19 anos de idade. Digamos que ele foi meu primeiro chefe. Ele era responsável pela preparação dos carros de Corrida que nesta época, quando entrei na Vemag, era feito pelo Departamento de Teste. Jorge foi uma pessoa muito importante na minha vida.

3. Sultani: Seu objetivo na Vemag era as corridas ou foi o destino que te levou a elas?
Crispim: Eu nem sabia o que era corrida. Em 1960 a Vemag participou das Mil Milhas, em novembro, se não me engano, e eu fui convocado para ir lá trabalhar lá em Interlagos.

4. Sultani: Sua primeira participação da equipe em competições foi nas 1000 Milhas de 1960?
Crispim: Sim. Eu nunca havia ido a Interlagos. Eu não sabia nem chegar lá. Como já disse fui lá ajudar e... Entrei e daí, nunca mais parei. Quando foi criado o Departamento de Competições, em 1962, ou 1963, eu passei a ser encarregado dos mecânicos e o Jorge gerente do departamento.

5. Sultani: Você chegou a trabalhar para os pilotos Christian Heins e Eugenio Martins? 
Crispim: Com o Geninho sim, além do fato de ele haver corrido com DKW, pela Revenda Serva Ribeiro e ser muito amigo do Jorge, trabalhamos juntos em uma firma que ele tinha lá no Bairro da Lapa, em meados dos anos 80. 
Com o Christian Heins (que aprendeu muito do que sabia com o Jorge Lettry) convivi em Interlagos. Éramos concorrentes, ele pela Willys e nós pela Vemag; participávamos das mesmas provas.

 6. Sultani: E a partir de que momento seu trabalho teve destaque para o Departamento de Testes da Vemag?
Crispim: Por ter adquirido conhecimento de desenho na Esc.Tec.Getúlio Vargas, o Jorge me apresentou um projeto e perguntou se seria possível construir aquela peça, (o suporte para o reservatório de óleo de motor, para se testar o sistema “Lubrimatic”nos motores DKW), pois o Deptº de Engenharia havia dito que seria necessário a construção de um estampo para isso e o processo seria muito dispendioso. Após um breve estudo, eu disse ao Jorge que sim e o fato de ter feito a peça sem maiores custos, nos aproximou muito. Daí passamos a partilhar vários desenvolvimentos juntos...

7. Sultani: Você preparou os carros da Vemag. O motor tinha componentes alemães?
Crispim: Não. Só a correia do ventilador e a junta do cabeçote. O resto era nosso. 
Nas Mil Milhas de 1961 tiramos 108 cavalos do motor DKW. Era o veículo mais rápido do Brasil. Aquele motorzinho com 108 cavalos, 1080 cc. Não é cavalo de conversa, não! Foi na balança do Dinamômetro na ponta do eixo do virabrequim. Era época em que fazíamos as contas com régua-de-cálculo, na unha! Nessa prova tivemos de trocar as lonas de freio durante a corrida, porque embora freasse muito, o consumo de lona também era bastante alto. Acertamos tudo: eu e um mecânico ( António Martins) do lado direito e o meu amigo Milton Masteguim – mais tarde dono da Revenda MM- que sempre estava lá para nos ajudar, e outro mecânico (Hikeda) do lado esquerdo.
Entre a parada, levantar o carro, retirar a roda, retirar o tambor de freio, as lonas e molas, colocar tudo novo de volta, regular as lonas e, ainda, baixar o carro eu e o António gastamos exatamente 2,0 minutos. Enquanto isto, o Milton e o Hikeda não haviam nem retirado o tambor.

8. Sultani: Você tem alguma história que Jorge Lettry realmente “enlouqueceu”? 
Crispim: Não. Nunca. Ficar nervoso, como todos nós ficamos, sim. Uma vez fomos correr em Piracicaba e ele muito preocupado falou para os pilotos Anísio Campos que estava pilotando Belcar DKW e Chico Lameirão que estava com o Malzoni:
 - Olha, muito cuidado. É a primeira vez que vocês vão andar em circuito de rua. Muita atenção. Vão devagar, com calma, etc, etc. No primeiro dia Anísio saiu reto em uma curva e bateu. Depois Lameirão ia pela parte do circuito que tinha até trilho do bonde no meio da rua , na saída da curva, perdeu a direção, decolou e caiu dentro de um galinheiro! O Lettry realmente ficou bastante aborrecido ao ponto de quase desmaiar...

9. Sultani: O Jorge era realmente muito exigente? Ele ouvia suas idéias? Como era o dia-a-dia com ele? 
Crispim: Sim. Ele tinha uma determinação incrível. Ele era um autodidata. Ele tinha princípios de vida maravilhosos. Uma conduta admirável. Convivi com Jorge 48 anos. Ele morreu meu amigo. Era meu amigo pra caramba... Senti muito, muito a morte dele. Foi uma convivência muito rica a minha com ele. Trocamos muita experiência, aprendemos muita coisa um com o outro, o Jorge era metódico; nos gostávamos pra caramba. Se realizava com automóvel. Aprendi muito da vida com ele. Um grande cara...

10. Sultani: E com Marinho e o Bird? 
Crispim: O Marinho era mais minucioso no acerto do carro... Ele era extremamente técnico. Ele ia exatamente no limite do carro.
O Bird é um dos caras que conheço que tem maior habilidade para dominar um carro, andar de lado. Eu não tive problemas com nenhum dos dois pilotos. São todos meus amigos até hoje. Eu viajava muito com o Bird.
Tem uma história com o Piero Taruffi. Ele veio ao Brasil e em Interlagos reuniu alguns pilotos brasileiros para avaliar a habilidade deles. Bird estava entre eles e já olhava torto para tudo que Taruffi expunha: que “porra” que esse italiano veio fazer aqui, dizia ele . O italiano pôs uns cones e explicou o que teria que fazer, “assim, assado”, etc. Bird fez tudo ao contrário e cravou o melhor tempo. O italiano ficou desesperado e gritava: no capito, no capito!!!

11. Sultani: O Greco chegou a trabalhar contigo antes de ir para a Willys? 
Crispim: Não. Greco trabalhava no Departamento de Compras da Vemag. Era conhecido como Luiz “Gazetinha”. Ele gostava muito de corrida e chegou a correr pela Vemag em corrida longa. Aí, a Willys começou a competir também e ele foi para a Willys, trabalhar no Departamento de corridas como auxiliar do Christian Heins. Convivi mais com ele como adversário na Willys. 
Após a morte do Heins, o Greco assumiu o departamento de competições e começou a trazer coisas de fora. Ele era grande estrategista, mas o conhecimento mecânico dele era pequeno. A Willys não tinha tecnologia nenhuma aqui no Brasil. Era tudo importado. Já a Vemag desenvolvia e resolvia. Aí, todos nós começamos a ter um pouco mais de informação, pois era muito difícil extrair informação naquela época. As informações não tinham a velocidade de hoje.

12. Sultani: E a experiência com o F-Júnior ? Por que não deu certo? 
CrispimSabíamos pouca coisa a respeito de veículos de Fórmula aqui no Brasil. Precisava ter uma organização melhor. Foi feito para a Mecânica Continental. O nosso tinha motor DKW, e enfrentava motor Corvette. Era uma coisa meio maluca. Eram poucos carros. Não tínhamos nada. Estávamos engatinhando em tudo... Nos vimos o começo da implantação da indústria automobilística no país...

13. Sultani: Um carro que o Francisco Lameirão sempre elogia é o Malzoni GT. Você teve participação grande nesse projeto, não? 
Crispim: Rino Malzoni tinha uma fazenda em Matão, onde ele fazia uns carrinhos esporte de dois lugares, usando o chassi DKW da Vemag. Uma vez fomos fazer uma corrida em Araraquara e depois da corrida ele falou: - vamos todos para minha fazenda que vou fazer um churrasco, em plena segunda-feira. A corrida foi domingo. Fomos todos: eu, Jorge, Milton Masteguim, Anísio Campos, Eduardo Scuracchio, Marinho, Luiz Roberto Alves da Costa (Robertão), Bird, Dal Pont, Moco, o Rato e seu irmão Wilson, enfim um monte de pilotos. Aí todos guiaram “o carrinho” do Rino que espalhava “aquela” poeira de terra vermelha na fazenda e a mulher dele gritava: - pelo amor de Deus. Parem com isso! Durante a comilança, Rino, Marinho, Robertão e Milton (que eram donos da Revenda DKW MM) falaram: -Vamos construir esse carrinho? E foi assim que nasceu o primeiro carro Esporte fora de série no Brasil, que se chamou GT Malzoni, depois Puma DKW e finalmente  Puma Volkswagen. Para realizar esta empreitada foi criado a “ LUMIMARI “ que é formada pelas iniciais dos nomes : Luiz Roberto, Milton Masteguim, Mario César de Camargo e Rino (Genaro) Malzoni; verdadeira loucura.
O.B.S.: Chico Lameirão rodou 3’48”6 com esse carro (GT Malzoni motor 1 litro) em Interlagos. Um recorde. Fangio, seis anos antes, virou em 3’50” com o Maserati 2,5 litros!

14. Sultani: Nos projetos havia preocupação com segurança?
Crispim: Muito menos que hoje. Nem se pensava nisso. Lógico que não queríamos matar ninguém...

15. Sultani: E o recorde com o Carcará? Você ficou em tempo integral nesse projeto?
Crispim: O Carcará foi feito em cima do chassi do Fórmula-Júnior. Foi construído pelo Toni Bianco e pelo Chico Landi com desenho de carroceria desenvolvido pelo Anísio Campos e contribuição do Jorge Lettry e Rino Malzoni lá na fazenda Timbó, do Rino, em Matão. Foi em 1966. O recorde do Carcará foi estabelecido com o motor engripado. Ele fez 213 km/h numa passagem e 214 na outra Se o motor estivesse melhor, chegaríamos a 220 km/h. Jorge estava com pressa pois estava demissionário da Vemag. Marinho não queria guiar o carro, em virtude pouca estabilidade direcional, problema que ele acreditava que deveria ser resolvida na Fábrica, aqui em São Paulo. O recorde foi no começo da Rio-Santos, perto da Barra da Tijuca com o piloto Norman Casari.
Na verdade, o Carcará era uma asa. O carro vinha e tendia a voar. Este fato causou uma discussão entre Jorge e Marinho que provocou um estremecimento na grande amizade que existia entre ambos.

16. Sultani: Você participou de provas fora do país ?
Crispim: Na equipe Hollywood, participamos em provas na Argentina em Buenos Aires, San Juan e Las Flores com LuizinhoPereira Bueno, Francisco Lameirão e Lian de Abreu Duarte e Anísio Campos.

17. Sultani: E você nunca pensou ou foi cogitado para sair da Vemag?
Crispim Não. Fiquei até acabar.

18. Sultani: Nessa época de Vemag, quais pilotos que você realmente admirou?
 Crispim: Putz. A lista é grande; comprida... Mas, dois encabeçam a lista: Marinho e Bird. O Chiquinho guiou pra caramba... Não vai dar pra dizer não. Ciro Caíres, Anísio Campos, Carol Figueiredo, Jaime Silva, Toco Martins.. Emerson e Wilson Fittipaldi, o Moco guiava muito. Não dá, não dá não... Se eu continuar vou fazer alguma injustiça. Uma vez, quando o Moco guiava aquele Brabham com motor Alfa Romeo, em uma prova de Fórmula 1 em Interlagos, ele me levou para os caras da Alfa e disse a eles: - Esse é o cara que mais entende de automóvel do Brasil...
Creio que isto demonstra o grau de amizade que a gente tinha naquela época com todos os Pilotos. E veja: o Moco nunca guiou em minha equipe...

19. Sultani: E quais corridas você considera inesquecíveis e por que? 
Crispim: 1000 Milhas de 1966. Eu estava sozinho comandando a EQUIPE e quase ganhamos. Foi uma choradeira só. Até o Emerson chorou. 
Até hoje ele fala: - Crispim, aquela Mil Milhas tá aqui óh (sick: para me demonstrar, Crispim passou o dedo na garganta).

20. Sultani: Em 1966 a Volkswagen comprou a Vemag. Para onde você e o Lettry foram?
Crispim: O Jorge foi para a Limimari. Eu, fiquei na Vemag até 1967. A Volkswagen não queria saber de corrida. Foi muito difícil a mudança de mecânica Vemag para a Volkswagen porque o Puma foi o primeiro carro fora-de-série fabricado no Brasil e a Volkswagen não queria nem ouvir falar em carro Esporte. Ela só cedeu porque o Robertão que além de Diretor da Puma era amigo “ PESSOAL” do General Costa e Silva, presidente da Republica. De plantão, ligou para Brasília e disse ao Presidente que aquele GIGANTE ALEMÃO estava querendo esmagar uma pequena Fábrica Brasileira. O General chamou o presidente da Volks à Brasília e ordenou que ele fornecesse tudo que a Puma necessitasse! Foram construído 23.000 carros até a paralisação da Fábrica, mesmo com a Volkswagen dando início na fabricação do SP2 com o intuito de prejudicar a Puma. Fiquei mais um ano e meio no Setor de Serviços e Escolas Mecânica. Depois fui para Campinas numa revendedora Volkswagen. Trabalhei na Souza Ramos, outra revenda Volkswagen depois para Comercial MM que era revenda Puma. Ainda na Vemag, vendemos os equipamentos e acabamos com o Departamento de Corrida.
Por ocasião da preparação para as Mil Milhas de 1966, alguns Pilotos que queriam correr e não tinham carro, consultaram a Vemag sobre a possibilidade de participarem com os carros da Fábrica. O Sr. Valdemar Geffru, nosso diretor de venda, me chamou e perguntou: 
- Você consegue fazer os carros com o que têm lá dentro? Não podemos requisitar nenhuma peça . Eu disse:
- Vou precisar só de combustível e pneus. Os Pilotos conseguem isso, não vejo problema.
Aí fizemos reuniões na casa do Emerson no Morumbi para atender aquela molecada toda de pilotos. As duplas seriam formadas e cada um teria que conseguir seus pneus e sua gasolina. A Puma estava na jogada também e demos um DKW Malzoni para o Emerson e Jan Balder. E eles quase ganharam essas Mil Milhas de 1966! Até seis voltas do final estavam em primeiro lugar, quando engripou um pistão. Ficaram em terceiro lugar atrás do Camillo ,vencedor da prova e do Marinho, segundo colocado. 

21. Sultani: Você nunca correu como piloto? Não quis? 
Crispim: Não sou maluco. Meu negócio é desenvolvimento. É o negócio que mais gosto na vida.

22. Sultani: Você testava os carros na pista? 
Crispim: Não. O Marinho me dava informação. Nelson Piquet também que nunca correu para mim, sempre que podia me passava alguma informação e ficamos tão amigos ao ponto de que, quando eu estava na Equipe Brasil com Chico Lameirão, ele me convidou para ir para a Europa se aventurar com ele. Mas preferi ficar.

23. Sultani: E os autódromos da época? 
Crispim: Autódromo só tínhamos Interlagos. Conheci também muitos circuitos de rua: Petrópolis, Araraquara, Barra da Tijuca, Ilha do Fundão, Piracicaba, Cavalhada. Vi todos autódromos nascer. Para mim, o traçado antigo de Interlagos era e sempre será o melhor autódromo do mundo. Hoje, Interlagos é um kartódromo.

24. Sultani: Acidentes fatais. Como era tratado nos bastidores?
 Crispim: Em 1962 uma coisa que me marcou muito foi a morte do Celso Lara Barberis, nos 500 Km de Interlagos. Antes da largada, passei por ele e tocando no seu ombro falei : Boa Sorte... O acidente do Cacaio em Petrópolis... Quando morreu o Christian Heins o Bird Clemente disse:
-  Quem quer morrer na cama, não deve correr de automóvel. 
E diz sempre: - Se você cortar o chifre do touro, tourada não tem mais graça.
Ou seja, o automobilismo é um esporte de risco, se o autódromo for muito seguro não tem mais graça.

25. Sultani: Fale um pouco do seu trabalho e relacionamento com Luiz Pereira Bueno ? E com Chico Lameirão? 
Crispim: Com Luizinho e Anísio Campos montamos a primeira equipe profissional do Brasil, a equipe Hollywood. Tendo o Chiquinho, Lian, Alex Dias Ribeiro Titê Catapani como pilotos O Luizinho, principalmente, é um cavalheiro. Um dos caras mais educados que eu conheço. Até para guiar carro. Ele trata o carro como fosse uma mulher. Numa ocasião, falando sobre Jorge Lettry comentei com o Luiz: 
- Eu devo muito a Jorge Lettry. E ele, com muito respeito, disse:
-  Ele também devia muito a você... 
Chiquinho é meu irmão. Gosto muito dele. Eu e Chiquinho fizemos a equipe Brasil e depois a Motorádio e com o dono da Cometa , o Arthur Maciole, a Bino-Motorádio. Com Chico Lameirão fomos campeões na Super-Vê com a equipe Motorádio. Na Divisão 4 corremos com o Avallone motor Chrysler. Foi muito bom. O carro era grande demais...
Foi uma época boa. Vou contar uma história: Chico Lameirão não chegou a F1, pois não me ouviu. Quando eu estava na MM ele quis ir para a Europa e eu falei para ele esperar mais um ano:
- Vamos no ano que vem, pois nos prepararemos melhor, arrumamos um patrocinador legal, vamos analisar o melhor carro, vamos esquematizar, ver custo do campeonato.
Mas ele queria ir naquele momento. 
- Assim não vou, falei para ele. O Roberto Nabuco (Fininho) foi para a Europa com ele e lá Chico ficou sozinho. Esse é o grande problema: ficar só lá, não ter um amigo para “trocar idéia”, incentivar, dar força.
Por exemplo, um dos responsáveis pelo sucesso da carreira do Emerson chama-se Chico Rosa que foi com ele para a Europa.
Tenho certeza que, se ele – Lameirão- esperasse e fossemos juntos, ele chegaria na F1, pois ele guiava para isso, guiava mesmo, guiava muito.
Numa ocasião, na Super-Vê, eu estava perdido com o carro dele. Não conseguia melhorar. Aí, a contragosto dele comentei, vou limpar o carro e começar desde o início. Comecei a tirar as peças e ele: 
- Você vai tirar isso? Tirava mais uma e ele : - Isso também? 
Depois de todo trabalho feito ele saiu com o carro e viramos o 2ºtempo na classificação. Ele parou no Box e falei: 
- Fizemos o 2ºtempo. E ele falou: 
- Porra, e eu não pisei tudo que podia...
Ele era assim, se não acreditava ele não desempenhava adequadamente.

26. Sultani: E depois disso, que rumo você tomou?
 Crispim: Montei uma oficina de rua. Agora estou na Lobini num projeto novo na parte de produção de um novo carro.

27. Sultani: Alguma decepção?
 Crispim: Não. Porque quando você está muito lá em cima, não pode mais descer. Eu não tive o prazer de vencer aquela Famosa Mil Milhas de 66. Mesmo assim sempre fui feliz, pois faço o que gosto.

28. Sultani: E a maior emoção?
 Crispim: As 1000 Milhas de 1966.

29. Sultani: Qual o melhor piloto brasileiro que você já viu correr?
Crispim: Nelson Piquet. O pai dele era médico e uma vez eu fui para Brasília e passei mal lá no Autódromo. O pai dele me medicou, eu estava hospedado na casa do Nelson. Ele nunca foi ver o filho correr. No dia seguinte, Nelson se surpreendeu pois o pai dele estava lá no autódromo. Ele foi ver como é que eu estava e não o filho correr. Quinze dias depois ele morreu...

30. Sultani: Crispim, sua experiência no automobilismo é imensurável. Atualmente, o que você acha que precisa melhorar no automobilismo nacional ?
Crispim: Antigamente, o mecânico brasileiro era endeusado, o piloto era endeusado. Quando chegou a F1 tudo isso acabou.
O Argentino valoriza o automobilismo dele. Nós achamos que tudo dos outros é melhor. Nós, Brasileiros, temos o complexo de vira- lata.
Vou te dizer uma coisa: a Alemanha nunca tirou a potência do motores DKW que nós tiramos. O brasileiro precisa apreender a se valorizar.