O
piloto brasileiro Rubens Barrichello completou no GP da Bélgica de 2010, 300
largadas na F1. Foi um recorde memorável e que impõe muito respeito dentro do
automobilismo mundial.
Assim
como o grande piloto inglês Stirling Moss, para ele a honestidade e amor ao
esporte, são essenciais. É quase inacreditável que ambos não conquistaram
nenhum título mundial na F1, só vices. A “causa” inusitável para Moss chama-se
Juan Manuel Fangio e para Barrichello, Michael Schumacher, penta e heptacampeão
da F1 respectivamente...
Na
corrida da Bélgica, Rubens teve um acidente com o bicampeão Fernando Alonso e
abandonou a prova sem nenhuma lesão.
Já
o inglês Moss, sofreu um acidente terrível na pista de Goodwood em 1962. Foi
hospitalizado em Londres, submeteu-se a várias cirurgias e nunca mais correu.
Enquanto o esporte a motor torcia por melhoras físicas de Stirling, o sobrenome
Moss continuava a brilhar nas pistas com Pat Moss, sua irmã.
Até 1955 ela
dedicava-se apenas à equitação, como uma exímia amazona. Nessa época tinha 19
anos de idade e influenciada pelo irmão, juntou-se à escuderia automobilística
British Motor Corporation (BMC), passando a compartilhar as corridas de
automóvel com a equitação. Começou a participar de Ralies e em 1962 (aos 27
anos de idade), pilotando um Mini Cooper, ganhou o Rallye de Monte Carlo,
categoria mulheres. Alguns meses depois, ela com seu confiável Mini Cooper foi
a primeira colocada, na geral, do 14ºRallye Internacional de Tulipas, na
Holanda, uma das etapas do Campeonato Mundial de Rallye. Sua parceira nessa
vitória máxima foi a piloto Ann Wisdom que mais tarde descobriu que competiu na
prova, grávida...
Já na França a Sra. Claudine Vanson, pilotando sempre um Citroen ID19 conquistava inúmeras vitórias pelas pistas francesas; entre elas, a Taça das Damas em neve e gelo.
Pat Moss, momentos antes de partir para a vitória em Monte Carlo. |
Já na França a Sra. Claudine Vanson, pilotando sempre um Citroen ID19 conquistava inúmeras vitórias pelas pistas francesas; entre elas, a Taça das Damas em neve e gelo.
A
Sra. Juze, esposa do “barão” Wilson Fittipaldi e mãe dos irmãos Fittipaldi
participara de algumas provas de turismo em parceria com seu marido, nos anos
50. Talvez esta russa tenha sido a pioneira do automobilismo esportivo feminino
brasileiro.
No
começo dos anos 60, essas mulheres e outras pelo mundo afora influenciaram a
sulina Mary Otero, de Bagé-RS, a participar de provas na categoria força-livre,
no Rio Grande do Sul. Esta moça de 20 anos de idade reativou a presença
feminina num grid de largada do Brasil e talvez tenha sido a primeira piloto
brasileira a participar de uma corrida no exterior, quando se apresentou no
Uruguai.
Percebendo
a importância do sexo feminino nas pistas, o Automóvel Clube do Brasil, em
parceria com o Volks Club de Brasília organizaram uma prova só para mulheres,
em 01/07/1962, na capital federal.
As
inscrições vieram rapidamente. A primeira foi a Sra. Helena Cordovil. A notícia
do evento foi-se espalhando e lá se inscreveram: Joana Lowell, Lídia Tavares,
Ivone Marta Álvaro, Ivone Moura, Ena Palhano, Maria do Carmo Vasconcelos, Ema
Bulhões e Maria Castelo Branco Sampaio.
Infelizmente
somente cinco delas, todas as funcionárias da Câmara dos Deputados, puderam
participar da prova, pois Lídia, Joana, Ena e Maria Castelo tiveram defeitos
nos seus carros e nem largaram.
A
Sra. Elba Sette Câmara, esposa do prefeito de Brasília, foi quem deu a
bandeirada para que as cinco corajosas mulheres percorressem as quinze voltas
programadas do improvisado traçado entre avenidas e trevos do eixo monumental
de Brasília em busca da vitória.
A
multidão presente aglomerada em vários trechos mostrou entusiasmo durante os
trinta e cinco minutos que durou a prova (35’14”), num total de cinquenta e
quatro quilômetros. Ivone Marta pilotando seu Volkswagen nº1 foi a vencedora
com a incrível média de 92 km/h!
Duas
fãs de Pat Moss abandonaram a prova: Helena Cordovil que na sexta volta teve o
eixo partido no seu Dauphine nº3 e Ivone Moura que parou seu Dauphine nª2 num
local perigoso e não faltou “bandeirinhas improvisados” no público que a
auxiliaram para empurrar seu carro e, logicamente, ajudá-la a sair daquele
arriscado local...
Ao
final, a charmosa vencedora de pouco mais de 20 anos de idade declarou: “Meu
sonho é dedicar-me ao automobilismo e lastimo não haver outras provas femininas
no país”. A seguir classificaram-se: 2ª) Ivone Moura (Dauphine nº2); 3ª) Helena
Cordovil (Dauphine nº3); 4ª) Ema Bulhões (Dauphine nº5) e a 5ª) Maria do Carmo
(Volkswagen nº7).
Enquanto
isso, a crise política reinava no automobilismo brasileiro dentro do ACB
(Automóvel Club do Brasil) nosso órgão maior desse esporte, presidido pelo Sr.
Santa Rosa e com registro na FIA. Isso porquê as quatro federações
recém-criadas entraram com o processo no CND (Conselho Nacional de Desportos)
para a criação da Confederação Brasileira de Automobilismo, como mentora do
nosso automobilismo.
Os
conflitos políticos não impediram que Interlagos fosse palco de mais um evento
feminino: a Corrida do Batom. Foi num sábado, dia 14 de dezembro de 1963 e os
ídolos da época como Ciro Cayres, Bird Clemente, Piero Gancia e Ubaldo César
Lolli incentivaram suas esposas e irmãs a desafiarem o saudoso e “mágico”
circuito interno de Interlagos. Foram oito voltas de muito nervosismo para os
homens, principalmente o saudoso Ciro Cayres que teve suas irmãs nos dois
primeiros lugares. Marise Cayres Clemente (Berlineta Willys-Interlagos nº22),
esposa do simpático Bird Clemente, foi a vencedora seguida por Leonie Burjato
Cayres (Simca nº44).
Amália
Lulla Gancia (italiana e esposa de Piero Gancia) e Maria Angélica Lolli (esposa
de Ubaldo César Lolli) fizeram ótimas ultrapassagens e chegaram em terceiro e
quarto lugares respectivamente. Participaram da prova ainda a gaúcha Conceição
Aparecida Brandi e Edna de Souza.
A
classificação final foi: 1ª) Marise Cayres Clemente – 38’01”05s (100,4 km/h);
2ª) Leonie Cayres 38’05”03s (100,3 km/h); 3ª) Lulla Gancia (Alfa Romeo
Giulietta); 4ª) Maria Angélica Lolli (JK); 5ª) Conceição Aparecida Brandi
(Simca); e 6ª) Edna de Souza (Volkswagen). A melhor volta foi de Marise com
4’39” (102,7 km/h).
Essas mulheres participaram das provas em que o romantismo predominava ao profissionalismo de hoje e sem dúvida incentivaram outras brasileiras a seguirem a mesma carreira, culminando até com um título inédito quando em 1992 a carioca Suzane Carvalho faturou o sul-americano de F3, classe B. Hoje ela tem sua escola de pilotagem. Confra em https://www.facebook.com/CentroDePilotos.
Fontes:
Interlafos - Paulo Scali
História do Automóvel - Paulo Shvinger
AutoSport e Quatro Rodas
Jornais:
O Globo
Jornal do Brasil
O Estado de São Paulo
Revistas:
Fotos das fontes citadas
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